Juno (Juno, 2007)

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junobleeker

Por Bruno Pongas

Nada é mais divertido e gostoso do que assistir a uma boa comédia. E é essa a impressão que temos quando acabamos de ver Juno, filme indicado ao Oscar em 2008. O longa, segundo trabalho do diretor Jason Reitman, tem todos os elementos necessários para triunfar no gênero: sabe arrancar risadas do espectador quando preciso ao mesmo tempo que sensibiliza o público nas partes mais dramáticas, sem que isso seja fantasioso ou sensacionalista demais – a trama flui naturalmente.

Diferente dos romances adolescentes modernos, vemos aqui um panôrama bastante diferente. Juno MacGuff (Ellen Page) é a típica garota que podemos tranquilamente chamar de estranha. Ela se veste, fala, age e tem todos os trejeitos de uma menina pouco comum. É a típica jovem rebelde, que é vista com olhares estranhos num colégio infestado de pessoas normais. Seu par romântico, o jovem Paulie Bleeker (Michael Cera), também é o oposto do homem ideal. Ele é nerd, desajeitado, se veste antiquadamente e tem pouco jeito para lidar com as mulheres. Ou seja, Juno é uma comédia que tenta, ao menos, fugir de esteriótipos – embora em alguns momentos seja difícil fugir deles (falaremos disso ao longo do texto).

Para situar o leitor, a história conta os meses que se sucedem após Juno engravidar indesejadamente de Paulie Bleeker. Aqui, temos uma parte muito interessante do roteiro, pois é mostrado todo o processo aterrorizante pós-engravidamento indesejado. Primeiro temos o teste de gravidez, que, obviamente, dá positivo após algumas tentativas. Depois, como toda boa – ou nem tanto – história adolescente, tem a parte de contar para a melhor amiga – que reage com a maior originalidade possível. O grande pesadelo fica para o final, e realmente, contar para os pais deve ser uma das tarefas mais indigestas do mundo. No entanto, a conversa se dá como se fosse sobre qualquer outro assunto, mas claro, com uma pontinha de surpresa por parte do pai e da madrasta. O que achei legal aqui, embora os pais possam, para muitos, serem esteriotipados por se encaixarem num estilo relapso – como o da filha – foi que esse assunto extremamente delicado – o da gravidez na adolescência – é tratado com maturidade, sem que passe a imagem de algo banal.

Para completar o ciclo de qualidades, Juno ainda acerta nas outras tramas da história – como a dos pais adotivos que pretendem adotar a futura filha da garota. Assim como Ellen Page, que dá um show na pele de Juno MacGuff (em pensar que na época ela já tinha 20 anos), Jennifer Garner representa com primor uma mãe agoniada incapaz de reproduzir. As passagens que envolvem a casa da família Loring (os pais adotivos), inclusive, são as mais interessantes – e também as mais dramáticas. Aliás, o longa ganha contornos de drama em sua segunda metade, o que nos mostra uma sensibilidade antes escondida em seus personagens. A própria Juno passa por um processo de amadurecimento durante a história; se antes ela era apenas uma menina rebelde sem causa, com o passar dos meses ela percebe a importância de ter um filho e a necessidade da outra família em receber aquele bebê.

Juno é comédia genuína, daquelas que vemos passar pelos cinemas de tempos em tempos (infelizmente). Além disso, ainda agrada os aficionados pelas comédias românticas, já que é capaz de fazer rir e chorar ao mesmo tempo sem perder a qualidade. Destaque também para a trilha sonora, que embala o longa de maneira incrível e bonita, e se encaixa perfeitamente em cada passagem – um excelente trabalho nesse quesito.

Minha Nota: 8.5

Direção: Jason Reitman
Gênero: Comédia/Romance
Duração: 96 minutos
Elenco: Ellen Page, Michael Cera, Jennifer Garner, Jason Bateman, Allison Janney e J.K. Simmons.

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7 Respostas to “Juno (Juno, 2007)”

  1. Tiago Ramos Says:

    É um bom filme, claro. Mas acho que não merece todo o hype que se gerou em seu torno.

    http://splitscreen-blog.blogspot.com/

  2. O Cara da Locadora Says:

    Eu acho que o filme mereceu e muito toda a badalação, excelente…

    • Bruno Pongas Says:

      Eu concordo com O Cara da Locadora; o filme merece, muito por se tratar de uma comédia original, o que é bem difícil de se ver nos dias de hoje…

  3. Wally Says:

    Belo filme, né? Irresistível, até. A simplicidade dele me derretou. Cheio de sentimento e particularidade.

    Nota 9.0

    Ciao!

  4. Dica da Locadora – Juno « Rock n’ Roll Train Says:

    […] Juno é daqueles filmes encantadores, e, por merecimento próprio, foi indicado ao Oscar em 2008. Um dos destaques, entre as inúmeras qualidades do longa (como a magnífica atuação da jovem Ellen Page), é a trilha sonora, que conta, especialmente, com uma grande mistura de gêneros. A parte musical embala a trama de maneira magnífica, e assim, é praticamente impossível não se identificar com a modesta produção canadense. Confira abaixo essa mistura que conta com ótimos nomes como Kymia Dawson e Belle & Sebastian. […]

  5. leticia Says:

    oi

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